A falta de experiência da Suíça com momentos de crise

O governo suíço enfrenta um momento difícil. Com a “situação extraordinária” e a decisão de fechar todas as lojas, restaurantes, bares e empresas de entretenimento até 19 de abril, todos na Suíça deveriam ter percebido que havia uma emergência pública.

Por fim, o Conselho Federal não colocou as medidas da última sexta-feira (13) em prática já no sábado e domingo que se seguiram. Milhares de pessoas passeavam normalmente com seus cachorros em parques, com seus familiares pela cidade e outros destinos frequentados nos fins de semana. Pode-se ver hoje que cada cantão tenta impor seu próprio regime. Ser uma confederação tem suas desvantagens em momentos de crise. A independência dos estados e municípios gera um choque político com o governo central em momentos onde a nação deve agir de forma homogénea (vide Rio Grande do Sul). Como no Brasil, onde temos o Estado de São Paulo e a cidade de São Paulo, O Estado do Rio de Janeiro e a cidade do Rio de Janeiro, aqui temos a Basileia e a cidade de Basel. Enquanto o governo estadual vive um alerta de calamidade pública, a Basel-Stadt permanece inerte e segue como se não houvesse crise de proporções globais.

As escolas estão fechadas por todo o país e as crianças em casa. Daniel Koch, representante do Escritório Federal de Saúde Pública (BAG) e perito em doenças transmissíveis admitiu ontem que provavelmente são as crianças portadoras e não as principais vítimas do vírus. Isso colocaria os professores na linha de frente. O governo tenta preservar os mestres, o que dificulta a vida dos pais que precisam trabalhar. Parece também que as escolas não estavam preparadas para fechar, não existe até o momento um plano b. Embora medidas semelhantes tenham sido introduzidas na Itália semanas atrás.

O fato da política regional ser mais forte que a razão, mesmo em caso de crise, não é motivo de orgulho do por aqui nos dias de hoje. O governo federal também não conseguiu convencer. Somente agora os idosos e as pessoas mais vulneráveis ​​são aconselhadas a ficar em casa. Até porque se essas pessoas adoecem em massa, todo o sistema de saúde entra em colapso.

Também é difícil entender porque as autoridades esperaram tanto para fecharem as fronteira como com a Itália, por exemplo. No domingo, isso levou a uma redução de 88% do tráfego com o país vizinho. É fácil imaginar que tal medida, introduzida há duas semanas, iria desacelerar significativamente a propagação do coronavírus na Suíça. Por que a demora?

Também é surpreendente perceber que o Ministério da Economia esteja sobrecarregado com a situação; isso explicaria porque até o momento, ninguém sabe onde procurar ajuda financeira. As notícias não são claras e completas. Com medo e düvidas estão todas as empresas que entrarão em processo de falência caso o Estado não ajude rapidamente. Isso acontece, embora tais conseqüências económicas fossem já esperadas desde a metade do mês passado.

Finalizando: a Suíça não é tão perfeita no “modo de crise” quanto em condições normais – e nós por aqui temos que aprender rapidamente, caso contrario a crise vira um desastre.

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