Missão: Corona

Atualmente, 3800 soldados devem apresentar-se ao serviço militar por causa da pandemia. Muitos não podem voltar para casa e outros não podem deixar seus quartéis. O exército suíço esta em alerta.

Nos momento atual, surgem dúvidas entre os praças e cadetes suíços. Demonstrações de desentendimento e uma certa frustração. Por que esse esforço por causa de alguns idosos? Por que o Estado pode decidir por mim? O que estou fazendo aqui?

Perguntas que surgem por conta da incerteza. “É apenas humano”, diz Simon Keller – Pastor no cantão da Basileia e conselheiro espiritual do exército no quartel de Emmen. Ele convive com a frustração e pensamentos negativos por parte dos soldados. Essas preocupações fazem parte do cotidiano na linha de frente, e afloram em situações extremas, diz Keller.

Muitos soldados vivem hoje uma situação nova e extrema. Eles foram arrancados de suas famílias e convocados contra a própria vontade. Coma, durma, trabalhe, descanse – é uma rotina de ordens. Contato com amigos e familiares estão proibidos. A frustração aumenta porque essas medidas tem uma duração indefinida. A missão militar será novamente avaliada no dia 30 de junho. Keller está de plantão há uma semana e fica surpreso com essa geração de jovens soldados. Tanta disciplina, tanta compreensão. Apesar de tudo.

Mas nem todos estão lidando de maneira positiva com a situação. Existem jovens com o pai ou a mãe no grupo de risco em casa. Eles se sentem trancados, longe dos familiares nesse momento de incerteza e medo generalizado. Outros soldados que cursavam faculdade ou estudavam para uma carreira de trabalho. Existem os jovens empreendedores com um negócio, que agora deixam nas mãos de amigos e familiares. Tudo de certa forma suspenso ou interrompido por conta da missão militar que se aproxima.

100 novos soldados por dia

Até o momento, cerca de 3800 pessoas foram convocadas, outros poderão ser chamados, dependendo das necessidades dos cantões. Por exemplo, em Moudon, na Escola de Medicina 41. Mais de 100 soldados são enviados para lá todas as semanas e distribuídos por toda a Suíça após um curto treinamento. Homens e mulheres reservistas, convocados para agir durante a pandemia. Existem os que já serviram, soldados que cumpriram seu dever patriótico. Eles acreditavam que suas obrigações militares com a nação já tinham sido encerrados. Agora eles devem regressar e contribuir novamente.

É o que diz o capitão Leander Isler, Comandante do exército em Moudon. “O recrutamento funciona bem, o entendimento é ótimo. Existem alguns casos, onde os soldados dizem ter conversado com seus comandantes e recebido baixa. O Comandante Isler, tratou pessoalmente dos casos, e descobriu que não havia aprovação dos comandantes para uma ausência. Médicos e enfermeiros podem ser dispensados através de uma procuração do empregador ou uma solicitação de urgência. Dessa maneira eles podem voltar para casa no mesmo dia.

É uma mobilização que foi controversa. Pelo menos no começo. Os epidemiologistas federais ficaram horrorizados com o fato de o exército ajudar. Eles viram nas forças armadas uma chance da epidemia espalha-se por todo o país. Desde então, o exército fez muito para impedir que isso acontecesse. As férias foram canceladas, os contatos com a população civil foram proibidos.

Os médicos examinam os soldados assim que chegam, diz o comandante Isler. Em casos suspeitos, os soldados envolvidos são imediatamente colocados em quarentena ou isolados. Da mesma forma, as pessoas com quem eles tiveram contato. “Temos tudo sob controle”, diz ele, até agora ninguém foi infectado em Moudon.

Contato com parentes é importante. São muitas ligações, especialmente à noite. Nesse período praticamente todos no quartel estão no telefone, diz Schindler, poli-mecânico, já a três anos no exército. “Não há muita privacidade”, ele diz, “você dificilmente tem um canto reservado. Mas somos atenciosos uns com os outros. Funciona muito bem no momento. “Ir para casa por dois dias todos os meses seria ótimo”, diz Schindler. O brigadeiro Raynald Droz deu esperança a essa ideia na última quinta-feira (2). Depois da Páscoa, o Comando-Geral do exército quer enviar seus soldados de férias gradualmente.

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