Suíça e a União Europeia

O SVP, partido popular suíço, recomenda que o assunto seja definitivamente enterrado. o FDP, partido liberal suíço, diz que tem um novo plano de emergência para o país enquanto a Economiesuisse, que é a fusão da união suíça de comércio e industria com a sociedade para o desenvolvimento da economia suíça, clama por uma liderança nacional mais forte. O encontro entre o presidente federal Guy Parmelin e Ursula von der Leyen gera especulações.

O acordo-quadro com a UE está novamente em foco. Diante dos novos impasses gerados pela pandemia, acontece essa semana um encontro entre o presidente federal suíço Guy Parmelin e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O consórcio Economiesuisse apela ao Conselho Federal para que o mesmo demonstre liderança e decida a favor do acordo. o FDP apresenta um plano emergencial para acabar com empecilho envolvendo a importação das vacinas Covid-19. O SVP recomenda uma rejeição total da proposta. Parmelin, no entanto, disse à imprensa no fim de semana que não estava planejando um alarde em Bruxelas na próxima sexta-feira (23).

O Correio explica: Acordo-quadro

Esse assunto se arrasta desde 1992, quando o governo suíço rejeitou uma proposta para fazer parte da União Europeia (UE). Pouco depois o povo, por meio de um referendo, também rejeitou o programa de adesão ao Espaço Econômico Europeu (EEE), o que teria permitido à Suíça ter acesso ao mercado europeu sem ter que se tornar membro da UE. O plano original consistia em garantir a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais entre seus estados-membros. Algo semelhante ao Mercosul.

No entanto, temendo ficar de fora do mercado europeu, a Suíça buscou e firmou uma série de acordo-bilaterais nos últimos 20 anos. Não houve um casamento, mas um desencadeamento de contratos tangenciais debatidos separadamente. Não houve acordo completo, apenas clausulas absorvidas de acordo com os interesses internos e visões políticas aqui vigentes. Podemos dizer que a Suíça teme perder liderança nacional com o acordo-quadro. Uma redução da sua soberania.

Expectativa/Realidade

“Não vou fazer como Boris Johnson”, disse Parmelin em uma entrevista ao jornal “Le Matin Dimanche”. Ele explica que a situação atual não pode ser comparada ao Brexit ou à saída da Grã-Bretanha da União Europeia. Parmelin afirma que a Suíça não quer desfazer os acordos firmados até aqui, mas encontrar uma solução para desenvolvê-lo ainda mais”.

Os partidos políticos, as organizações econômicas e a associações trabalhistas pedem ao Conselho Federal que esclareça de forma integral os pontos pendentes entre a UE e o país helvético. É do interesse de todo o país assegurar o futuro da economia nacional.

FDP tem um plano

O partido liberal apoia o acordo-quadro com três condições. Primeiro, que a UE desbloqueie e de seguimento a outros acordos suspensos. Consequentemente, liberdade para que a Suíça busque ativamente parcerias com países fora da UE, como por exemplo, com o Mercosul sul-americano, com a Índia ou os EUA – com a finalidade de promover pesquisas e inovações. Por fim, a Suíça deveria concretizar todas as medidas que possa implementar unilateralmente, a fim de amortecer as consequências negativas – no caso de um fracasso no acordo-quadro com a UE.

Vale lembrar que A UE é o principal parceiro econômico da Suíça. Em 2018, ela absorveu 52% das exportações suíças, enquanto 70% dos produtos importados pela Suíça vinham de seus 28 países. Além disso, os estados-membros da UE poderiam tomar medidas discriminatórias contra a Suíça. A fim de exercer pressão sobre Berna, Bruxelas já ameaçou deixar de reconhecer a equivalência das regras das bolsas de valores suíças.

SVP e a rejeição total

A rejeição total é a posição do SVP, partido conservador de extrema-direita. O Conselho Federal deve finalmente deixar claro que a Suíça “nunca sacrificará sua liberdade e independência assinando tal contrato de submissão”. Todavia, isso não é novidade. O partido é contrario a tudo. Eles são contrários a política de refugiados, aumento de gastos com a educação, adesão a união europeia, participação militar suíça no exterior, casamento de pessoas do mesmo sexo e promovem ataques sistemáticos a religião islâmica.

Para evitar qualquer surpresa em Bruxelas, o Conselho Federal deve proibir que sejam iniciadas novas negociações de qualquer tipo. Uma revisão do acordo de livre comércio de 1972, que regula as relações comerciais entre a Suíça e a União Europeia garantindo o livre acesso ao mercado, também não está em discussão.

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