Uma chance de dizer adeus

Nos hospitais, pastores e padres acompanham pacientes terminais, e proporcionam aos doentes a possibilidade de verem seus familiares nos momentos finais.

No momento, os pastores dos hospitais suíços estão se preparando para o que poderá surgir nos próximos dias e semanas. Embora dificilmente estejamos preparadas para dizer adeus. Trabalhando em parceria com os hospitais, eles precisam seguir as regras e diretrizes dos centros de saúde, ao passo que proporcionam algum tipo de conforto espiritual para aqueles que não mais deixarão os centros de tratamento intensivo.

«É sempre possível conversar, ficar triste, mas também rir juntos»

Axel Fabian, é pastor e está atualmente cuidando de um paciente que aguarda os resultados do seu teste para o Covid-19. É uma situação nova para ambos. O paciente vê uma figura em roupas de proteção à sua frente, não consegue ler suas expressões faciais e apenas ouve uma voz filtrada/abafada pela máscara facial.

O pastor, que normalmente se senta na cama do hospital e – segura a mão do paciente, deve agora manter pelo menos dois metros de distância, evitar contacto vestindo aventais, luvas e mascara de proteção. Essa é a única bênção que ele ainda pode dar nesse momento delicado. Assim, palavras e gestos se tornam seus instrumentos mais importantes. “Mesmo assim, ainda é possível conversar, chorar, ficar triste, mas também rir juntos”, diz o pastor.

Uma chance de dizer adeus

O Covid-19 é uma doença solitária. Na Itália, os parentes não podem mais visitar seus familiares infectados pelo vírus. No momento, os médicos ligam do hospital para os parentes uma vez por dia. Se eles não tiverem boas notícias, os parentes nunca mais verão seus familiares novamente.

Atualmente, muitos hospitais estão discutindo as circunstâncias em que parentes que vivem na Suíça podem visitar os pacientes. No Inselspital de Berna e no Hospital Universitário de Zurique, é discutida a possibilidade de pelo menos permitir que a família possa se despedir dos seus entes queridos.

“É uma coisa horrível para os parentes não poderem visitar seus familiares doentes”.

Hubert Kössler, Diretor de Pastoral do Inselspital de berna

Na Itália, vários padres que oferecem um acompanhamento espiritual nos últimos momentos foram infectados. “Esperamos que todos permaneçamos saudáveis ​​e façamos o que pudermos para fazê-lo”, diz Rita Famos, Diretora-Geral da pastoral do cantão de Zurique.

Na situação atual, os pastores podem visitar a pessoa doente em nome da família – e após a visita, podem informar os familiares, como está o paciente. “É importante que os parentes saibam que alguém no hospital tem ouvidos abertos para suas preocupações”, diz a pastora.

Com o Smartphone na cama do hospital

Hubert Kössler, co-diretor das equipes de assistência da pastoral do Inselspital de Berna, assume que ele e seus colegas de trabalho cuidarão dos parentes, e não do membro da família que está no hospital. Os médicos utilizam tubos de ventilação que descem a traqueia daqueles que estão gravemente doentes e cujos pulmões afetados não funcionam mais sozinhos. Conversar é em muitos casos, impossível. Aqui trata-se de possibilitar uma despedida entre familiares.

“É uma péssima sensação para os parentes não poderem visitar seus familiares doentes, isolados num quarto de hospital ou numa unidade de terapia intensiva”, diz Kössler.

Mas como um pastor pode ajudar parentes? Não posso aliviá-los do fardo. Mas posso ouvi-los, confortá-los e viver a situação com eles. Um aparelho eletrónico os conecta com a família nesse momento difícil: olhar um álbum de fotos e relembrar bons momentos juntos, escrever uma carta ou apenas enviar um SMS com o que eles gostariam de dizer.

Hubert Kössler imagina que o smartphone ou tablet possa desempenhar um papel importante nessa situação. Que familiares possam falar e ver os parentes doentes via transmissão de vídeo. Para muitos essa é a estação final. E seria bom poder rever aqueles que amam.

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