Por que precisamos de usinas nucleares

A energia nuclear é uma boa maneira de proteger o clima? Uma avaliação do ex-diretor do Ministério Federal de Energia.

A Estratégia de Energia 2050, adotada pelo eleitorado suíço em maio de 2017, visa eliminar progressivamente a energia nuclear, garantindo simultaneamente um aprovisionamento quanto as usinas atómicas e respeitando o meio ambiente. O acordo é sobre eficiência energética e energia renovável. Em particular, a energia nuclear deve ser substituída em tempo hábil por eletricidade equivalente proveniente de fontes renováveis.

Grande parte da população suíça está preocupada com os riscos das mudanças climáticas. Os políticos exigem ação imediata para proteger o clima. Isso requer, em primeiro lugar, a rápida redução das emissões de gases que causam o efeito estufa. A maioria deles é proveniente do fornecimento e uso de fontes de energia. Portanto, o suprimento e consumo de energia decidem sobre o sucesso ou o fracasso dos esforços para proteger o clima. A política energética é também política climática.

De concreto, isso significa que devemos renunciar aos combustíveis fósseis. Petróleo, gás e carvão hoje cobrem cerca de 64% do consumo final de energia da Suíça. A fonte de energia renovável que atualmente gira em torno de 22% vem na sua grande maioria de usinas hidrelétrica. As energias renováveis devem, a longo prazo, satisfazer a demanda por energia global, ou seja: eletricidade, calor e mobilidade – uma tarefa difícil, considerando o aumento constante da população mundial — contrastando com a falta de interesse de líderes das grandes nações em investir num futuro autossustentável.

Importante seria lembrar que uma fonte de energia segura é vital para a economia e a sociedade. As fontes de energias petrolíferas não são infinitas, e nada funciona sem eletricidade. É compreensível que o Ministério Federal de Segurança Civil considere uma interrupção prolongada de energia como uma enorme ameaça ao país helvético.

A Suíça é – no inverno principalmente, e ao longo do ano, um grande importador de eletricidade. Essa dependência de países estrangeiros está a aumentar, especialmente por causa da eliminação gradual da energia nuclear e, porque o consumo de eletricidade tende também a aumentar. A esperança ilusória de que sempre haverá eletricidade disponível para atender às nossas necessidades.

Além disso, as importações de energia vêm em grande parte de usinas nucleares francesas, de usinas alemães de carvão ou do leste europeu na sua grande maioria. A situação da oferta também está a piorar nos nossos países vizinhos. A Alemanha planeja fechar o resto das usinas nucleares ate 2022 e também quer abandonar o carvão como fonte de eletricidade. A França reduziu a maior parte da energia nuclear, mas é questionável se o velho parque nuclear pode ser substituído a tempo.

A suposição de que a Suíça pode garantir a segurança do fornecimento através de importações é negligente. O consumo de eletricidade é determinado por uma série de variantes irregulares: a intensidade de energia está a diminuir graças a aparelhos mais eficientes. Em contrapartida, há cada vez mais utilidades em informática, comunicação e em mobilidade elétrica.

Em suma, o consumo, atualmente em torno de 62 TWh (terawatt / hora), provavelmente aumentará em vez de diminuir. Se possível, essa necessidade pode ser atendida pela produção doméstica sem buscar uma autonomia de fornecimento. É uma tarefa exigente substituir a energia nuclear que foi perdida, satisfazer o consumo adicional e cobrir a atual escassez de eletricidade. Tendo em vista um Tera como um trilhão (TWh), deixo aqui três exemplos do que podemos fazer com “um quilo de energia (kWh)”.

70 xícaras de café.
Utilizar o aspirador de pó por uma hora.
Assistir 10 horas de TV ou utilizar o PC por 10 horas…

 

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