A relação com Pequim

O governo suíço discute nos últimos dias se devem aderir às medidas de embargo do bloco europeu impostas contra Pequim. Atualmente, qualquer regime que critique o governo Xi Jinping ou junte-se ao embargo decretado por Bruxelas sofre automaticamente duras criticas do pais asiático.

A relação entre a Suíça e a China não esta bem. Foi apenas na última sexta-feira que o Conselho Federal fez varias criticas aos flagrantes de violações dos direitos humanos cometidas pelo governo chinês. Essa semana, o Conselho Federal repensa sua atitude e debate se as críticas devem ser seguidas de ações. A questão é: A Suíça vai participar das sanções impostas ao seu terceiro maior parceiro comercial?

O Conselho Federal se depara com essa delicada decisão da União Europeia. Mesmo que essas ações sejam mais simbólicas que efetivas, o bloco europeu envia um sinal claro ao governo chinês.

Essa decisão pode ser mais difícil do que parece, tendo em vista a linha dura que a China está adotando. Na última semana, o embaixador chinês atacou verbalmente o governo suíço. Em entrevista dada a um jornal da capital, Wang Shihting acusou o Conselho Federal de embarcar em “denúncias infundadas” e “notícias falsas” contra seu país.

Apenas sanções leves – ou corretas?

Nos bastidores do palácio federal em Berna, políticos de diversas frentes partidárias concordam em “não se deixarem ser intimidados por Pequim”. Eles exigem que a Suíça fique do lado da UE nesse caso específico. De fato é importante uma posição consistente da Suíça, contra as violações dos direitos humanos em todos os países. Incluindo a China. O plano é que o governo suíço evite criticar a decisão da UE, sem descartar uma possível adoção total de sanções do bloco. Mas isso teria que ser analisado com mais detalhes.

O Conselho Federal deve tomar medidas para que os chineses não contornem as sanções do bloco europeu via Suíça”. Isso seria apenas uma espécie de puxão de orelha – mas tal medida ainda seria entendida pela China, como um ato hostil. Foi exatamente o que aconteceu em 2014, quando a UE aplicou sanções contra a Rússia por conta dos ataques na Crimeia.

O governo suíço entende que dado o que a China está fazendo atualmente com os tibetanos e Hong Kong, apoiar sanções contra o pis asiático é mais que uma ação diplomática, é uma postura correta. “Os chineses só entendem mensagens claras”, diz o conselheiro nacional do SP, Fabian Molina. “Depois das graves violações dos direitos humanos, a Suíça tem que reagir, caso contrário perderá sua credibilidade”.

A política de sanções na Suíça é vista de forma crítica por Jörg Künzli, professor de direito internacional da Universidade de Berna. Ele diz que depois que o Conselho Federal adotou o princípio concordar com a UE, a suíça desviou-se da sua essência. Esse principio se baseia em um amplo entendimento da neutralidade que tem suas raízes na Guerra Fria.

“A Suíça decide por si mesma”

Enquanto isso, a UE se abstém de colocar a Suíça sob pressão – pelo menos em público. Um porta-voz da UE em Bruxelas disse que as sanções seriam obviamente mais eficazes se fossem aplicadas pelo maior número possível de parceiros. “No entanto, a Suíça tem uma política de sanções autônoma e decide por si mesma se deseja aplicar sanções semelhantes.”

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